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Nos galpões da Maçonaria
Entre incontáveis instrumentos
Se encontram dois elementos
De excelsa simbologia:
Um é luzeiro do dia,
A iniciativa, a intenção,
É a própria disposição
Que empurrou o tropeiro,
Rasgando o chão brasileiro
Pra erigir uma nação.

O outro, é contemplação
De quem guarnece o posto,
Do riso que alarga o rosto
Quando sorve o chimarrão,
É repouso e reflexão
Que antecedem a partida,
Do peão que ajusta a lida
Pelos remansos da aurora,
Pra depois pular “pra fora”
Na hora da recorrida.

Vem do tempo primitivo
Esta tradição lendária,
Antes da Ordem Templária
E do maçom operativo,
Vem do sonho coletivo
Que o próprio Yahweh quis,
E Hiram firmou a diretriz
Aos obreiros de Israel
Pra legar Malho e Cinzel
À estirpe do Aprendiz.

Neste ritual sagrado
O maço é Força pulsante,
A gana de ir adiante
E o instinto abarbarado,
É o sentimento indomado
Que aquece a Humanidade,
A nossa força de vontade
Contra o mundo em desalinho
E que orienta o caminho

Nos rumos da Liberdade.

Já o cinzel é instrumento
Que representa a Beleza,
Que sintetiza a pureza
E o próprio refinamento,
Que palanqueia o sentimento
Na busca da perfeição,
Construindo esse galpão
De amor e de bondade,
Que guia a Fraternidade
E nos torna assim, Irmãos.

Pra usar as ferramentas
É preciso habilidade
Aparando com Igualdade
A Pedra que se apresenta,
A batida é sempre lenta
Como a primeira tropeada,
E deve ser trabalhada
Pra evitar qualquer fissura,
Porque a menor das rachaduras
Torna a pedra condenada.

Bate, repousa e observa,
- Esquadrinha de lado a lado -
Se o cinzel segue afiado
É porque a Moral lhe conserva,
E a Virtude em si preserva
Um traçado a ser seguido:
O Maçom é compelido
A seguir nesta labuta,
Desbastando a Pedra Bruta
Onde ele mesmo é esculpido.

Em cada Cinzel e Malho
Há um labor consagrado
E o simbolismo velado
Da importância do trabalho;
Cada batida é um talho
De sapiência e destreza
A desbastar a aspereza,
Das arestas e do vício,
Oscilando neste ofício
Entre a Força e a Beleza.

Junto aos pés do Vigilante 
Em completo esquecimento 
Repousam dois instrumentos
De simbolismo contrastante,
Um é ferro cortante
- É raio na escuridão -
O outro é som de trovão,
É a maça, a força bruta,
Nessa ancestral disputa
Duelada a duas mãos.

O MALHO E O CINZEL

Osmar Antonio do Valle Ransolin

1º Lugar na 9ª Tertúlia
Maçônica da Po
esia, 
do Grande Oriente do
Rio Grande do Sul
2024

 

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